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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Polícia Federal começa a investigar obras de Diego


03/01/2012
09:11
Aline Macário

Polícia Federal começa a investigar obras de Diego

Bancada de oposição foi intimada a prestar depoimento na próxima semana; vereadores apontaram erros na elaboração e execução de projeto, além da exclusão de itens previstos
A PF (Polícia Federal) instaurou inquérito para investigar se existem irregularidades na condução das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) de Drenagem realizadas em Americana. A bancada de oposição da Câmara já foi intimada a prestar depoimento sobre o caso, na unidade da PF em Piracicaba. Os vereadores Marco Antonio Alves Jorge (PDT), Divina Bertalia (PDT), Celso Zoppi (PT) e Adelino Leal (PT) são autores de representações que apontam irregularidades nas obras, principalmente a canalização do Córrego do Parque, na Avenida Brasil. As denúncias foram encaminhadas à CGU (Controladoria Geral da União) e ao Ministério Público.

A Polícia Federal não informou de qual órgão partiu a solicitação para início da investigação. Além das representações dos vereadores, as obras ainda são acompanhadas pela Subcomissão Permanente de Fiscalização do PAC, formada por deputados da Câmara Federal. O delegado responsável pelo inquérito, Júlio Sávio Monfardini, adiantou apenas que os vereadores serão ouvidos na qualidade de declarantes ou testemunhas. No dia 9, prestarão depoimento os vereadores petistas Zoppi e Leal. No dia 10, será a vez de Alves Jorge e Divina se apresentarem à PF.

Na Câmara de Americana, está em tramitação uma Comissão Especial de Acompanhamento das obras. Alves Jorge, como presidente, acredita que a investigação da Polícia Federal tenha partido de um conjunto de ações dos órgãos federais. "A comissão do Congresso, a CGU, o MPF (Ministério Público Federal) e a Polícia Federal andam juntos e acredito que exista uma divisão de tarefas", afirmou.

O delegado da PF disse que ainda não é possível dizer quem mais será ouvido no inquérito. "Ainda não podemos revelar isso porque depende da linha de investigação que será adotada", afirmou. "Em geral, quem faz uma denúncia é chamado para expressar mais detalhes". Ele disse que também não há um prazo definido para a conclusão do inquérito, mas que um dos caminhos ao final das investigações, poderá ser o envio do relatório conclusivo ao órgão financiador das obras e ao órgão que solicitou a instauração do inquérito. "Inquéritos sobre obras em geral são complexos, já que podem incluir pedidos de auditoria, de levantamento de preços e até oitivas por precatórias (depoimentos de testemunhas em outras localidades)", afirmou.

Nas representações aos órgãos federais, a bancada de oposição solicitou uma auditoria no contrato das obras de drenagem, que são realizadas com recursos de R$ 62,8 milhões financiados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Além das intervenções na Avenida Brasil, as obras também acontecem no Córrego São Manoel. O projeto ainda conta com obras no Córrego Pylles e no Ribeirão Quilombo. Nas representações, os vereadores apontaram erros na elaboração e execução do projeto na Avenida Brasil, além da exclusão de obras previstas e do risco de ineficácia das obras. Eles também mencionaram o corte dos repasses pelo BNDES por falta de contrapartidas da Prefeitura.
Diego_Portal liberal.com.br
Arquivo / O Liberal
Prefeito tenta dar o troco
Se por um lado a bancada de oposição teve êxito nas representações sobre as obras de drenagem com o início das investigações pela Polícia Federal, por outro, o prefeito de Americana, Diego De Nadai (PSDB), solicitou uma investigação policial contra os vereadores. Em ofício encaminhado no final da semana passada à Delegacia Seccional de Americana, o prefeito alega que a Comissão Especial de Acompanhamento formada na Câmara não existe e solicita que sejam adotadas as providências para anulação das representações de autoria da oposição.

A argumentação do prefeito se baseia no fato de, nas representações, os vereadores terem utilizado um nome simplificado na comissão que, na realidade, se chama Comissão Especial de Acompanhamento das Obras Financiadas ou Subsidiadas com Recursos do Governo Federal. Além disso, os vereadores Divina Bertalia (PDT) e Adelino Leal (PT) não fazem parte oficialmente da comissão, que é composta por um vereador de cada partido. No entanto, eles participam das investigações porque o presidente da comissão, Marco Antonio Alves Jorge (PDT), estendeu o convite a todos os parlamentares durante uma sessão da Câmara.

No documento encaminhado pelo prefeito à polícia, foi anexado um ofício assinado pelo presidente da Câmara, Antonio Carlos Sacilotto (PSDB), em que ele explicita o real nome e os membros da comissão. "Eu passei apenas o que existe na Câmara, que é o nome correto da comissão e os nomes dos componentes", afirmou o presidente, que disse ter respondido a um requerimento do prefeito.

Aline Macário / O Liberal
O delegado seccional Paulo Fernando Fortunato informou que já recebeu o ofício e que as investigações serão encaminhadas ao 1º. Distrito Policial. Para o presidente da comissão, o pedido de investigação é um artifício jurídico do prefeito. "As comissões acabam recebendo apelidos para garantir a popularização dos nomes", afirmou. "O fato é que existe uma comissão e que alguns vereadores estão acompanhando a meu convite. Outros vereadores (da base do prefeito) fazem parte, mas abriram mão de suas tarefas. Mas independentemente de comissão qualquer, o vereador tem o direito de acompanhar e fiscalizar".

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